quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Meditações sobre setor Agropecuário Brasileiro

 3/10/2013


Já faz um bom tempo que nós brasileiros, hoje majoritariamente urbanos, somos apresentados à alguns paradoxos na agropecuária nacional.

Ao mesmo tempo em que o País marca presença entre os principais produtores e exportadores de matérias-primas agropecuárias, temos dificuldade em acessar mercados importantes no cenário mundial;

Ao mesmo tempo em que a balança comercial brasileira se mostra superavitária graças à exportações agropecuárias, não temos uma política macroeconômica que fomente o setor produtivo em detrimento das especulações financeiras;

Ao mesmo tempo em que nos tornamos uma nação produtora e exportadora de tecnologias agropecuárias, constatamos a falta de uma política agrícola nacional consistente;

Ao mesmo tempo em que batemos recordes de produtividade em diversos segmentos produtivos, percebemos viscosidades de acesso ao crédito e a um seguro rural que objetive proteger os produtores.

A partir destas quatro considerações, é razoável ponderar: Como é possível obter resultados positivos sem contemplar a cadeia produtiva em sua plenitude? Diante dos bons resultados descritos anteriormente, o cidadão brasileiro poderia  imaginar, e com razão, que a lição de casa esta sendo feita pelo Governo. Entretanto, como já dizia o Professor Dr. Roberto Rodrigues já há alguns anos: “Meu filho, quem quebra não é a agricultura e sim o agricultor”. Talvez esteja aí a explicação à pergunta.

Somos uma nação de vocação agropecuária, historicamente muitos brasileiros herdaram a cultura de encarar a atividade rural como modo de vida e não apenas como meio. Talvez por isso, continuam a persistir em suas atividades mesmo em cenários econômicos contraditórios.

Toda mudança verdadeira não aparece de súbito. Exige primariamente um esforço interno individual, podendo posteriormente ser refletida nas interações sócio-políticas que cercam cada cidadão. Acredito que podemos dar um passo importante neste sentido. Pergunto aos senhores e senhoras: Você têm um contrato de fornecimento de seu produto junto ao comprador? Qual é o grau de compromisso que a Indústria processadora de matérias-primas aceitaria firmar com você produtor rural? Por que seria interessante para ela (Indústria) não se comprometer com uma carteira de fornecedores?

Acredito que devemos iniciar este diálogo, cada qual dentro de sue segmento, a fim de superar um gargalo fundamental e, que depende exclusivamente de cada um de nós. Deixemos de contar com a expectativa paternalista de esperar a solução chegar através da mão invisível do Governo.

A formalização de contratos de fornecimento das matérias-primas agropecuárias para a Indústria é um dos pilares que sustentam seu próprio crescimento. Cria segurança econômica para a ampliação da escala produtiva, viabiliza investimentos em melhoria da qualidade dos produtos agropecuários, resultando no aumento das margens financeiras do setor de transformação.

Prof. Guilherme Benko de Siqueira
Universidade Federal do Tocantins (UFT)


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